No dia seguinte acordei ao ter as cortinas do meu quarto abertas por alguém. A luz do sol adentrou o mesmo e seguiu até mim, deixando impossível continuar à dormir. Movi-me um pouco sonolenta, até me sentar. Assim que consegui abri meus olhos, pude notar que era a mesma mulher de ontem, que havia me guiado até este quarto.
— Anda, sem moleza. Hoje tenho muito o que trabalhar em você! — disse ela, puxando o edredom e já começando a dobrá-lo.
— Sim, senhorita. — cocei meus olhos e me joguei para fora da cama.
A mulher me guiou até o banheiro e preparou um relaxante banho de banheira para mim. Havia espuma e o cheiro era muito bom.
Após o banho, ela me fez vestir uma roupa solta e me guiou pelo sobrado até a cozinha. Na mesma se encontrava várias mulheres, muito belas, outras um pouco mais velhas, outras novas, outras com poucos anos mais velhas do que eu. Todas tagarelavam algo que eu não entendia.
— Garotas, esta é Stella. Deem boas vindas à ela. — disse a mulher, para as garotas.
— Olá, Stella. — disse todas, em coral, sorrindo com simpatia.
— Sente-se aqui. — disse uma delas, apontando para um lugar vago ao seu lado.
Segui até o mesmo um pouco tímida e logo me sentei.
— Obrigada. Vocês são muito gentis! — sentei-me direito e sorri um pouco para elas.
Logo um assunto se iniciou conforme começamos à tomar café da manhã. Quando me dei por conta, eu estava completamente envolvida no assunto. Elas perguntavam, eu respondia, elas davam suas opiniões sobre algo em mim, e seja lá o que fosse eu sorria com simpatia.
Após o café, todas nós seguimos para um estúdio parecido com aqueles de balé, no fundo da casa. Era um enorme espaço que cabiam perfeitamente todas. Haviam espelhos em todas as paredes e também corre-mão para se apoiarem.
— Bom, garotas, como vocês sabem, Stella veio de um orfanato, assim como muitas de vocês. Em orfanatos não costumam fazer o que fazemos aqui, isto é óbvio. Lá não tem a bela arte de dança que nós mostramos aqui. Então da mesma forma que um dia às ensinei, agora vocês ensinarão à elas, como sempre foi, ok? — disse a mulher, em tom suficiente para que todas ouvissem.
Algumas fizeram positivo com a cabeça, outras responderam "Sim, Dora".
***
O dia foi longo para mim. Agora eu sabia o motivo da música que ouvi na noite anterior, elas eram dançarinas. E com a experiência que elas tinham, elas passaram para mim. Confesso que me diverti, apesar de ser um pouco tímida.Com o tempo eu me acostumaria com isto..
***
À tarde, fui a primeira a acabar o jantar, e após me despedir de cada uma delas, subi para meu quarto. Eu poderia jantar mais tarde, porém resolvi jantar agora. Elas sempre jantavam cedo, por terem que se apresentar à noite.
Todas foram para o lado da casa onde ficava o lugar da apresentação, inclusive a mulher de nome Dora, que cuidava de mim sempre. Ela era a anfitriã, então não poderia ficar comigo, naquela noite.
***
Eu estava em meu quarto, dominada pelo tédio, ouvindo apenas o som alto de música que vinha do local da apresentação. Foi aí que uma música que ensaiamos hoje começou à tocar.
Quando dei por conta, eu estava de pé, dançando junto com a música.
Foi aqui que a porta se abriu, fazendo-me levar um pequeno susto e imediatamente parar de dançar.
Olhei em direção à mesma, e pude notar que era o mesmo homem que me olhava com maldade, no dia anterior.
O mesmo entrou no quarto batendo palmas, enquanto esboçava em seu rosto um sorriso já conhecido por mim. Em seguida ele fechou a porta.
Engoli em seco e fui andando para trás.
— Não precisa ter medo.. Continue. Você é boa nisso! — ele se sentou em minha cama, e continuou à me encarar.
— N-não, senhor. A música que me ensinaram à coreografia hoje, já acabou. Sei apenas uma, só uma! — fiquei o máximo de distância o possível dele.
— E te ensinaram o que acontece depois que aquelas moças bonitas, assim como você, acabam de se apresentar? — ele se pôs de pé e foi se aproximando de mim.
— N-não, senho..or. — gaguejei.
— Elas ficam à sós com os moços, assim como estamos agora e tiram a roupa. Não te ensinaram isso? — ele parou de andar e continuou à me encarar.
Balancei a cabeça negativamente e me movi rapidamente em direção à porta.
— Preciso ir ao banheiro, caso de fezes. — segurei na maçaneta e tentei abrir à porta.
— Não te ensinaram também que só podem atender à suas vontades quando acabam o serviço? — pude notar que sua voz estava bem próximas à mim.
Com muito medo, comecei a chorar baixinho, sem soltar-me da maçaneta.
Em seguida, o silêncio dominou o local.
O homem não havia falado mais nada. Ao invés disso, pegou em uma mecha de meu cabelo e à cheirou. Soltou à mesma poucos segundos depois e começou à acariciar minha cabeça. Da cabeça, ele desceu pelos ombros, dos ombros para a costela, até que chegou em minha cintura.
O medo me dominava, e eu não conseguia mover um músculo se quer.
O homem, notando que eu não me moveria dali, puxou-me com violência pelo cabelo e me guiou até a cama, me empurrando sobre a mesma em seguida.
Quando ele moveu sua mão até o zíper de sua calça, resolvi entrar em ação. Dei uma cambalhota e desci da cama pelo outro lado.
— Não encosta em mim, seu imundo! — disse eu, entre lágrimas e ódio, encostando-me em um canto do quarto, próximo à janela.
— Por que não? Você já tem que ir se acostumando, vai se deitar com piores e sem opção de escolha! — ele abaixou suas calças e veio andando devagar até mim.
— Não, não. Sai daqui, eu vou.. —
— Gritar? E quem é que vai te ouvir? A música está alta. — disse ele, soltando um riso em seguida.
— Você não vai tocar em mim, ou vai se ver com a Dora! — disse eu, numa tentativa de fazê-lo recuar.
— Com a Dora? — ele soltou um riso alto — Fiz o que farei com você, com a Dora. E assim como ela, você não poderá abrir a boca ou eu lhe mato! — ele encurralou em seus braços, apoiando suas mãos na parede.
Em seguida ele virou-me contra a parede e me pressionou contra a mesma. Minha única reação agora era chorar, eu não tinha forças para me defender e não tinha para onde correr, já que eu estava trancada ali, com aquele monstro.
O homem, então, rasgou minha camisola e arrancou minha calcinha me deixando completamente nua. Tentei empurra-lo para longe, porém a única coisa que consegui foi levar um tapa. Depois, ele foi para bem perto de mim e colocou sua masculinidade em mim, por trás, fazendo movimentos fortes de vai e vem. Senti muita dor e tentei mais algumas vezes empurrá-lo para longe, porém ele me bati e puxava meu cabelo. Gritei até perder a voz, mesmo não podendo ser ouvida por ninguém.
Quando acabou, caí no chão e ali permaneci, assustada e imóvel.
— Ousa abrir a boca, e mato à você e à seu amiguinho. — disse ele, enquanto abotoava sua calça.
Não respondi, apenas lancei-lhe um olhar de ódio, e chorei mais ainda.
Em seguida ele saiu do quarto como se nada tivesse acontecido.
— Você não poderá matar à mim e à Marcus se eu te matar primeiro, desgraçado! — disse eu, num tom baixo, chorosa.
Continuei onde estava, chorando, até que bem mais tarde, Dora e algumas outras garotas vieram me ver. Todas ficaram chocadas com o que acontecera comigo, e isto surgiu uma certa revolta em cada uma delas, já que a maioria já tinha afeto por mim.
Depois, Dora e eu conversamos à sós, e eu à contei tudo que o homem havia me dito. Ela se calou quando contei algo referente à ela, e disse à ela que não faria o mesmo que ela fez, ou outras sofreriam o mesmo que ambas sofreram nas mãos deste imundo.
***
Stella Merchant-A Garota De Sorrisos Ensaiados é uma web novela criada originalmente por Thais Ribeiro, uma garota de apenas 17 anos. A história é resumida basicamente em sofrimento, onde no começo se inicia contando o pior dos sofrimentos vividos pela garota Stella. Sendo assim, a mesma cresce amargurada e acaba por se transformar em uma garota de sorrisos ensaiados no qual tem como explicação a falta de motivos para sorrir.