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Capítulo 8: Complicações.
Capítulo 8: Complicações.

Mais tarde procurei vestir a vestimenta que melhor me caísse bem. E assim que fiquei pronta, fui para frente do espelho tentar melhorar meus sorrisos, mesmo se eu ainda não tinha vontade de sorrir.

— Tea, mudança de última hora. O chefe dos chefes virá aqui e como você é a novata, você tomará a frente da apresentação hoje! — disse Luli, parando à meu lado e arrumando seu decote.

— O que? Quem é esse? — a encarei, perplexa.

— O chefe do chefe sr. Zachary. Ele já deve ter comentado com você que ele tem um chefe também.. — ela continuou a encarar sua imagem no reflexo.

— Não, não me contou.. — levantei e saí do camarim.

Segui em silêncio até me aproximar da cortina, e como nos dias anteriores espiei por uma fresta da cortina para ver quem estava ali presente. Foi aí que vi alas sendo abertas em meio à multidão. E através disso, pude notar sr. Zachary juntamente com um homem, aparentando estar mostrando o lugar para este novo convidado. Logo concluí que este fosse o chefe de sr. Zachary, por estar sendo tão bem tratado.

— Chega de espiar, está na hora. — disse Ronnie, surgindo ao meu lado, juntamente com Luli e as outras garotas.

***

A apresentação logo começou. 

Durante a mesma, o mesmo rapaz me encarava o tempo todo. Raramente ele olhava as outras garotas. E através disso pude notar que o chefe de sr. Zachary era bem mais novo do que ele, apesar da barba rasa que ele possuía e que devia deixá-lo com cara de mais velho.

Tirando minha atenção do mesmo, olhei em volta do salão e pude notar a presença de Marcus, dessa vez sozinho. Obviamente Jonattas não havia se curado de sua ressaca ainda. Inevitavelmente um sorriso bobo se formou em meus lábios ao vê-lo sorrir para mim.

***

Ao acabar a apresentação, fui a primeira à descer do palco. E apesar de ouvir as outras garotas me chamar, não tive controle de minhas pernas e fui imediatamente até Marcus.

— Oi. — disse eu, ao me aproximar de Marcus, um pouco tímida.

— Bela apresentação! — disse Marcus, sorrindo para mim.

— Obrigada. — sorri um pouco — Posso falar com você em um lugar mais silencioso? É coisa séria.. — continuei, apontando em direção à saída do salão.

— Claro, só espere eu pag.. — 

— Ora, ora, então é você a famosa Stella. — disse uma voz masculina, vinda de trás de mim e interrompendo-me.

Virei-me para ver quem era. Era o chefe de sr. Zachary.

— Permita-me me apresentar.. Sou Tyler! — continuou, pegando em uma de minhas mãos com delicadeza — Você não veio me cumprimentar, então resolvi não cometer a mesma indelicadeza com a senhorita. — ele depositou um beijo nas costas da mesma mão e me encarou, sorrindo um pouco.

Arqueei as sobrancelhas ao me deparar com seu olhar abusado sob meu decote.

— Bom, eu preciso ir agora. Um cliente me espera! — recuei minhas mãos e fui para perto de Marcus, segurando seu braço em seguida.

— Se o cliente estiver mesmo interessado, ele volta amnhã. Creio que hoje ele dará a honra de o dono deste lugar ter um momento com você. — disse sr. Tyler, me encarando e estendendo uma das mãos para mim.

— Não tenha tanta certeza disso! — Marcus soltou seu braço e segurou firmemente em minha cintura.

— Ah não? Vai ousar passar por cima de minhas necessidades? — disse ele, tornando sua expressão séria.

O ignorei por um momento e virei-me para Marcus.

— Essa gente é esquisita, não quero que ousem tocar em você, então volte amanhã e falarei o que gostaria de falar, pode ser? — disse eu, para Marcus, deixando visível uma expressão de tristeza.

— Eu não tenho medo de ninguém.. E eu já te falei que você não precisa fazer o que não sente vontade. — disse Marcus, sério.

— E quem disse que não estou com vontade? — menti, tentando ao máximo passar verdade nessas palavras ditas e assim fazer com que Marcus não fizesse besteira.

Ao digerir as palavras, ele me encarou com um ar de decepção, e em seguida saiu rapidamente dali, sem nem olhar para trás, e seguiu para outro canto do salão.

Neste momento, a mesma música que dançamos juntos pela primeira vez, começou a tocar no salão.

— E então, me permite esta dança? — disse sr. Tyler, estendendo uma das mãos para mim novamente.

O encarei um pouco tristonha, e sem se quer pensar em hesitar, peguei em sua mão.
Logo começamos a dançar e assim permanecemos por um tempo.

***

— Meus pés estão me matando! — informei à sr. Tyler, que parecia nunca se cansar de dançar.

— Não seja por isso.. — ele moveu-se rapidamente e me pegou no colo — Eu te carrego, Srtª Stella. — continuou, carregando-me pelo salão e seguindo até a escada dos quartos.

Antes de subir a mesma, ele voltou-se para uma das dançarinas.

— Peça para alguém levar champanhe no quarto 16, por favor! — disse ele, virando-se para subir a escada em seguida.

— Me poe no chão. Não sou aleijada! — protestei.

— Faço questão de levá-la no colo até o quarto! — disse ele, começando a subir a escada.

Bufei de raiva e resolvi deixá-lo me levar no colo até o quarto.

Assim que adentramos o quarto, ele me colocou no chão e virou-se para fechar a porta. Enquanto isso, segui até a cama, e ao sentar-me sob a mesma, comecei a tirar meus sapatos.

— Notei que você é uma garota muito disputada pelos clientes. — disse sr. Tyler, se aproximando da cama.

— Marcus não é um cliente qualquer.. Ele é diferente. Se aparenta me disputar com os outros, é por ser protetor demais. — acabei de tirar meus sapatos e me sentei direito na cama.

— Ele tem que te comprar, pra só assim poder reclamar se algum homem querer tê-la! — ele se sentou ao meu lado e começou à abrir os botões de sua camisa.

— Não me trate como um objeto, não suporto isso! — o encarei, séria.

— Querendo ou não, você é comparada à um objeto desde o momento em que veio viver aqui! — disse, deitando-se na cama, e em seguida me encarou — Agora chega de birra, e vem aqui! — ele me puxou para cima dele.

Sem dar-me tempo para respostas, ele me beijou. 

O beijo durou poucos minutos, pois alguém bateu na porta, por um milagre dos céus.

— Droga! — resmungou ele, ao parar de me beijar.

Sr. Tyler se pôs de pé rapidamente e seguiu até a porta.

Enquanto ele atendia a porta, esfreguei meus lábios com as costas das mãos, querendo arrancar aquele beijo dali, mesmo que impossível. Quando ele voltou, me encolhi em um canto da cama e suspirei.

— Vem, sirva à nós dois. — disse ele, colocando o champanhe e as duas taças sob a comoda.

Levantei da cama sem vontade alguma, e segui até a comoda.
Enquanto, eu tentava abrir a garrafa, ele ficou próximo à mim, me fitando. Não com maldade, e sim com admiração. Eu não sabia bem o porque disso, já que ele me aparentava ser um homem frio e que não ligava para os problemas alheios.

— Como você consegue ser assim? — perguntou-me, acariciando uma das mechas de meu cabelo.

— Assim como? — o encarei, sem entender sua pergunta.

— Meu pai me contou algumas coisas de você antes de eu ocupar seu lugar.. Disse a "tragédia" que aconteceu em sua vida quando jovem. — ele pegou as duas taças e as encarou.

Suspirei fraco ao lembrar-me de meu passado.

— Desculpe por tocar nesse assunto delicado. Eu só queria saber como você consegue ser tão forte. Qual é o truque? — ele sorriu um pouco e me olhou.

— Eu só procuro s.. — antes que eu completasse a frase, consegui abrir o champanhe de repente. E antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, a champanhe saiu em disparada de dentro da garrafa, molhando à mim e ao sr. Tyler.

— Que banho! — disse ele, passando as mãos em suas partes do corpo no qual foram molhadas pela champanhe — Já sou gostoso, agora todo molhado por champanhe, fiquei mais gostoso ainda. — continuou, soltando uma gargalhada em seguida.

— Oh, claro, muito gostoso. — disse eu, com ironia.

— Agora chega de papo, vem aqui.. — ele estendeu uma das mãos para mim e sorriu.

— Mas a conversa é melhor.. — retruquei.

— Mas eu preciso de um beijo! — ele foi se aproximando de mim.

— Não te interessa se não sinto nem um leve arrepio por você? — perguntei, cruzando os braços.

— Não! — ele parou próximo à mim — O que importa é o que eu sinto, no momento. — sem demoras, ele puxou-me pela cintura e me beijou.

— Esp..era. — disse eu, entre o beijo, tenta livrar meus lábios.

Sr. Tyler parou o beijo e me encarou.

— Permita-me usar o banheiro antes de tudo? Tenho essa mania todas as noites.. — menti, pegando em seu ombro e fazendo-o se afastar.

— Espero que você seja rápida! — ordenou-me, dando meia volta e seguindo até a cama.

Assim que peguei meus sapatos, saí dali rapidamente.

Quando surgi na escada, tratei logo de visualizar o salão para ver se encontrava Marcus. O mesmo se encontrava próximo ao bar com uma garota, aparentando não estar à vontade com isso. Ainda assim, não pude evitar uma pontada de raiva em meu ser.
Antes que sr. Tyler se incomodasse com minha demora e viesse à minha procura, aproveitei um descuido de Dora e saí do salão sem que ela notasse.

Eu não poderia ir para casa, pois obviamente este seria o primeiro lugar que me procurariam. Segui, então, até o celeiro disposta à usar um dos cavalos para sair dali. Sem demoras, montei no mesmo e cavalguei em direção à floresta sempre olhando para trás para ter certeza de que não estava sendo seguida.

***

Parei diante do riacho e logo desci do cavalo. Caminhei de um jeito desajeitado pelas pedras, até parar sob uma delas e logo me sentar. Fiquei ali, sentada, até que senti que não estava sozinha ali.

Não fazia ideia de quem fosse, porém pude ouvir passos pela mata e senti a sensação de que estava sendo observada. Me levantei imediatamente quando o som dos passos se tornaram mais ágeis e corri para perto do cavalo, ficando atenta à qualquer movimento estranho nos arredores.
Foi aí que, entre a escuridão, surgiu uma silhueta alta e forte. E assim que a mesma se aproximou do riacho, a luz da lua refletida no mesmo, me deu uma visão melhor de quem era. Senti meu coração parar por alguns segundos. O medo fez com que meu corpo gelasse por completo e paralisa-lo. Não consegui mover-me para montar no cavalo e fugir dali. O medo me prendera ao chão de uma forma que nunca estive sujeita antes. 
O que me causara tanto medo começou à caminhar em minha direção com um sorriso divertido.

O que me causara tanto medo tinha um nome.
Nícholas.

— Stella! — chamou-me, uma voz pouco conhecida.

— Stella! — outra voz.

Pude ouvir chamarem-me não muito longe dali. Olhei para todos os lados para procurar ver quem era, e quando sem sucesso voltei meu olhar em direção à onde Nícholas estava, o mesmo havia desaparecido.

— Stella.. — chamou-me novamente, enquanto surgia da mesma direção em que eu vim.

Era sr. Tyler e alguns de seus capangas.

Antes do mesmo iniciar um sermão, fui até ele e o abracei forte, chorando, completamente amedrontada. O mesmo retribuiu o abraço e suspirou fraco.

***

— Eu à encontrei próxima à um riacho perto daqui. — disse sr. Tyler, para sr. Zachary.

Fiquei parada próxima à janela fitando a noite enquanto ambos conversavam.

— Stella, por que você fugiu? — perguntou-me, sr Zachary.

Virei-me para ele e suspirei.

— Ele voltou, sr. Zachary. Nícholas voltou.. — disse eu, caminhando em direção à mesa do escritório — E não me diga que em meio à escuridão eu me enganei de rosto ou vi apenas vultos ou algo do tipo.. Reconheço aquele sorriso debochado mesmo após muitos anos. — continuei, apoiando as mãos sob a mesa e o encarando.

O silêncio, de repente, dominou o ambiente.

Pude ouvir apenas a respiração tensa de sr. Zachary e o tic-tac do relógio de parede que trabalhava sem sessar.
De repente, sr. Zachary levantou-se e saiu do escritório em disparada.
Sr. Tyler e eu ficamos em silêncio. E novamente apenas o som do tic-tac do relógio podia ser ouvido.

— Vou levá-la para minha fazenda! — disse sr. Zachary, levantando-se e se aproximando de mim.

— Não! — respondi — Em hipótese alguma vou partir de meu lar novamente! — exaltei-me — Descartei despedidas dolorosas de minha vida a muito tempo. — continuei, cruzando os braços.

Sr. Zachary adentrou o escritório novamente.

— O maldito está por perto! Deixou um bilhete junto à uma flechada na porta do galinheiro.. — disse ele, agitado.

— Posso levar Stella à minha fazenda. Este individuo não me conhece, não moro perto daqui e a casa é sempre extremamente vigiada! — disse sr. Tyler à sr. Zachary.

— Não! — protestei novamente.

— É mais seguro.. — argumentou sr. Tyler.

— Não vou! — protestei novamente.

— Tudo bem, só quero ajudar! — sr. Tyler sentou-se novamente e cruzou os braços.

— Tea, você sabe que é perigoso ficar aqui. Você o entregou quando ele à violentou. Se ele te viu, sabe que você ainda vive aqui e vai procurá-la para o acerto de contas! — disse sr. Zachary, para mim, enquanto se aproximava de sua cadeira.

Suspirei fraco e sentei-me em uma das cadeiras vagas. Naquele momento, ao digerir as palavras de sr. Zachary, reconheci que partir era o melhor naquele momento.

— Vou arrumar minhas coisas.. — levantei-me e segui até a porta, inconsolável.

Mais uma vez teria de partir e deixar Marcus para trás. E novamente sem vontade de alguma, com o coração apertado. Antes de sair dali, direcionei olhares fuziladores à sr. Tyler. O mesmo direcionou um olhar à mim, também, e sorriu com triunfo em seguida. Logo bati a porta e fui para meu quarto.

***

Stella Merchant-A Garota De Sorrisos Ensaiados é uma web novela criada originalmente por Thais Ribeiro, uma garota de apenas 17 anos. A história é resumida basicamente em sofrimento, onde no começo se inicia contando o pior dos sofrimentos vividos pela garota Stella. Sendo assim, a mesma cresce amargurada e acaba por se transformar em uma garota de sorrisos ensaiados no qual tem como explicação a falta de motivos para sorrir.




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